Sunday, April 01, 2007

Mais azul

"It's not the same without you up here
Can't find my wheels
Your absence is what breeds this fear
Warm breath and all it steals"


Todos diziam que o céu ali era mais azul...
Ele tentava perceber. Olhava em volta...Nada
Tentava não confundir infelicidade com saudade, tentava agarrar-se a algo que não um olhar, um gesto, a voz...
Afinal de que lhe valia tudo aquilo? De que lhe valia mesmo a eternidade? Trocá-la-ia por um só segundo, por um toque, pelas lágrimas que um dia limpou e que afinal não eram assim tão amargas. Na verdade já se perguntava a que sabiam as lágrimas, já se perguntava se reconheceria o seu sabor...
Como era possível não reconhecer a felicidade se já a tinha sentido? Seria mesmo possível perder-se?

Lembrou-se de quando ia a guiar, e atropelou um gato. Quando saiu do carro, o animal moribundo parecia ter uma expressão. Não conseguia identificá-la. Ficou ali a olhá-lo, de cima, quando ela saiu do carro. Com os olhos em lágrimas, ela debruçou-se sobre o gato, acariciando-lhe a cabeça, como quem passa os últimos instantes com um parente às portas da morte. O gato apesar de fraco, pareceu-lhe eternamente agradecido pela compaixão, pela dádiva de não morrer sem um último toque...
Ela desviou o olhar do pobre animal e olhou para ele, estendendo-lhe a mão. Ele debruçou-se, tal qual ela havia feito momentos antes.
"Ele perdoou-te..." - Disse ela.

Só agora ele percebia aquilo que ela se referia na altura. Ele também a perdoara.
O tiro, esse já há muito que não existia. O coração... Esse continuava a não bater. Ele continuava a não tremer.

Seria possível ser infeliz no Paraíso ?
Ele não podia nunca responder a essa pergunta. Sabia que precisava dela mais do que tudo.

Mas todos diziam que o céu ali era mais azul...



"Death ain't the same without you, dear
I make the others run and hide"
(Pearl Jam - Other Side)

9 Comments:

Blogger A Monochromatic Kind of Man said...

Continuas enfiado na caverna... Péssimo habito, mesmo assim, não precisas de o envergar.

1:19 AM  
Blogger  said...

"O tiro, esse já há muito que não existia. O coração... Esse continuava a não bater. Ele continuava a não tremer."
+.+

Às vezes acho que escrevo tanto que nada de jeito devo escrever x)

11:21 AM  
Blogger  said...

bom... então nada mais me resta senão tentar limpar a secretária atafulhada através do meu amiguinho blog :)

ahah

10:55 AM  
Blogger  said...

só desabafas com quem não conheces? $

11:58 AM  
Blogger  said...

Nunca tinha pensado assim.
Eu já há muito tempo que me deixei de preocupar com aquilo que digo. Sou sincera, às vezes não é fácil sei que vai custar ouvir, noutras a dizer. Mas é assim que eu quero ser. É assim que eu jogo: limpo.
Desabafos de alma muitas das vezes sou egoista ficam só comigo e com o espelho. Sou de escutar. Falo muito mas não do que me magoa muito e quando o faço é a sorrir há quem decifre e quem não o faça.
Sei lá. Não espero nada.
Há quem me ache completamente inconstante, bipolar, louca. Estou sempre a rir e de repente existe algo que ecoa cá dentro e traz memória dolorosa, caio numa apatia profunda. E momentos depois hei-de regressar de forma arrebatadora. sou fruto do momento. Opiniões são ruidos. A imagem que quero manter é para comigo mesma.

11:47 AM  
Blogger  said...

Eu já fui assim. Mas sempre necessitei de correr para o espelho quando alguém saia de casa e despejar. As vezes falo, falo, falo, falo, sentada a mirar o chão e de repente olho e a imagem que naquele momento não sou eu mas a outra. Como se me desdobra-se em dois seres distintos tem sempre uma resposta, um aconchego, um olhar cumplice. Ou no mar. Eu não preciso de falar para ele em voz alta. As respostas sempre me chegaram telepaticamente. Mas chegaram sempre.
Estamos demasiado preocupados em manter uma imagem que nos esquecemos do que realemnte queremos. Sabes eu tenho um dom, (e não costumo falar muito disto mas siga) que me permite "visonar" o interior de cada um. Esse dom que eu encarava como problema e defeito em mim. Mas um dia eu cansei. Lixo não sou eu é o que cada um guarda na sua mente. è tudo a que se reduzem. Maldave, mesquenhices. E seres agindo na perfeição. Eu não queria ser assim. Não queria esconder-me de quem era. E odiava e odeio sentir na pele todos os confortos hipocritas de uma mentira bondosa. Eu sei sempre que me mentem eu sei sempre as traições, eu sei sempre tudo. E não, não saio revelando. Mas sei precisamente o que dizer quando me calha a voz chegar à ribalta. Dói tanto ser sincera como dói para quem não o és. No fundo, dói-te mais a ti que te recriminas. É isto a liberdade não é? Eu escolhi agir assim. Venha o peso desta escolha de agir. Eu suporto. Afinal já me basta ter de suportar aquilo que não escolhi, aquilo que sei e não quero saber. Aquilo que tapo os ouvidos e vendo os olhos e ecoa à mesma na minha cabeça.

ps: mas estou aqui para ouvir os teus desabafos à mesma.(:

4:37 PM  
Blogger  said...

as palavras são para reaproveitar (a)

2:44 PM  
Blogger  said...

«Comparações são inevitáveis. Pedestais corroem. Comparações até podem ser saudáveis. Fasquias impossíveis são uma doença. Racionalizar hierarquias sentimentais não existe» isto soube-me bem.

hum, coimbra é a minha primeira escolha. a promessa não estava relacionada com o meu futuro académico não. mas, embora eu vá concorrer para lá. E torço a mil que entre. Não estou assim tão feliz. Não pelo curso. São memórias que lá ficaram tristes. Que lá permanecem. Volto lá. Para desenhar novas. Para esbater a cor das que resistem...

6:07 AM  
Blogger Brosy said...

e k tal algo d novo=P

6:52 PM  

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